terça-feira, 31 de março de 2009

Contradições.

Li, outro dia, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, que elas, mulheres do século XXI, só fazem jornada de trabalho dupla (trabalho + afazeres domésticos) porque querem.
Ouvi, outro dia, alguém defendendo, com esteio em supostas lições de Vitimologia, que, em diversas situações, a forma provocante ou o comportamento da mulher conduz os indivíduos a um momento de insanidade que desaguaria no ato extremo de um estupro ou coisa que o valha. E todas as mulheres presentes permaneceram em silêncio.
Mulheres que estão emancipadas, mas não tanto: caso não escolham a roupa certa poderão ser, justificadamente, violentadas.
Seja pela afirmação da opressão feminina, seja pela negação da realidade escancarada a nossa volta, essas situações que descrevi só evidenciam uma constatação sobre a qual, apesar de obviedade, não devemos deixar de refletir a respeito: ainda estamos bem longe de conseguir superar, de forma razoável, a distinção mais elementar da natureza: a de gênero.
E se não lidamos bem com a diferença mais básica da natureza, vamos lidar bem com o que?

sexta-feira, 13 de março de 2009

A vida é sagrada!



(Da Coordenação de Política Estudantil - PROEST/UFAL):

A violência no Estado de Alagoas tem uma dimensão histórica e não apenas conjuntural. Tomando por base informações constantes no Relatório do Ministério da Saúde, a cidade de Maceió configura-se como a capital metropolitana MAIS violenta da federação; ou seja, é o espaço geográfico no Brasil em que a população corre mais riscos de vida. Atualmente, segundo dados oficiais da Secretaria de Defesa Social do Estado de Alagoas, nosso Estado registrou, de Janeiro a Dezembro de 2008, 2.064 homicídios. A UFAL não pode ficar silenciosa diante de tal realidade. Neste sentido, estamos propondo o desenvolvimento de um Programa permanente denominado “UFAL EM DEFESA DA VIDA”, que tem por objetivo realizar atividades culturais, científicas e artísticas trazendo a temática da Violência, dos Direitos Humanos e da Segurança Pública para o universo da Comunidade Universitária. O que podemos fazer para reverter esse índice tão desastroso e alarmante que assusta todos(as) os(as) viventes que partilham esta realidade? Na verdade, TODOS(AS) estamos inseridos(as) no contexto da violência, simplesmente porque se não há segurança para TODOS(AS), não há segurança para ninguém. Como atividade inicial, vamos realizar um Ato Público, e para isso estamos convocando a comunidade universitária através das Coordenações, Unidades AcadÊmicas, CA’s, DA’s e DCE (estudantes, professores(as) e funcionários(as)) para se implicarem com a construção do movimento “UFAL EM DEFESA DA VIDA”. Para ajudar a realização do nosso Ato, doe uma camisa/blusa (usada) para a construção de um GRANDE VARAL que simbolizará aqueles(as) que foram assassinados(as) em nosso Estado.
PONTOS DE ARRECADAÇÃO DAS CAMISAS/BLUSAS: PROEST, RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO, BIBLIOTECA CENTRAL, ESPAÇO CULTURAL (SETOR DE ARTES), ICBS, CECA E HOSPITAL UNIVERSITÁRIO.
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Eu acredito que, mais do que uma ação dentro da Universidade, trata-se de um ato político da sociedade civil maceioense. Para além de ações meramente repressivas, somente o fomento de uma cultura de paz pode subverter a cultura de violência em que estamos inseridos. É nisso que a ação "UFAL EM DEFESA DA VIDA" parece estar focada: disseminar e multiplicar a idéia, e sobretudo a prática, de que a paz é um objetivo possível. Não se trata, portanto, de algo que tenha a pretensão de encontrar um fim em si mesmo.
Fica o convite para todos, mesmo os que não fazem parte da comunidade acadêmica. Querendo mais informações ou doar camisas, podem me encaminhar um e-mail: brunolamenha@gmail.com

De volta!

Embora eu saiba que ninguém ficou procurando aqui, este blog volta às atividades a partir de hoje. E pretendo não mais abandoná-lo.